Migração: a educação na jornada de esperança de imigrantes e refugiados no Brasil.

Vivemos o tempo onde mais de 82 milhões de pessoas deixaram seu país de origem em busca de melhores condições de vida. Por razões como conflitos armados, perseguições étnico-raciais, religiosas ou políticas, o maior número de refugiados já registrado na história nos mostra a esperança em dias melhores e escancara as consequências da violação dos direitos humanos.

Neste contexto de chegada a um novo país, o idioma pode ser uma das grandes dificuldades de adaptação. Pensando em encurtar as distâncias e diminuir as barreiras, no final de 2018 a Universidade Católica de Brasília – UCB abriu chamada para imigrantes e refugiados interessados em aprender Português. 

A iniciativa partiu do Projeto SER+, uma atividade complementar dos cursos de graduação que oferece aos estudantes a oportunidade de atuar como voluntários, participando do dia-a-dia de uma determinada comunidade para conhecer sua dinâmica, seus problemas e suas peculiaridades e, claro, ajudá-la a pensar soluções.

Voluntariado: Estudantes têm a chance de contribuir para uma
sociedade melhor, mais humana, empática e acolhedora.

“Aceitamos alunos de qualquer curso para participar. O que importa é a motivação para ajudar. Não necessariamente ele ensinará Português. Ele pode ensinar a língua enquanto auxilia a organizar um currículo ou a usar o computador”, explica o coordenador do projeto, prof. Diego Nolasco.

Em 2020, o Brasil foi o país que mais concedeu asilo a refugiados, acolhendo cerca de 26,8 mil pessoas, um aumento de 21% em relação ao ano anterior. Os dados são do Acnur – Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Clique aqui e confira a reportagem da ONU Brasil.

Foto ONU Imigrantes

O suporte à língua portuguesa não representa, portanto, apenas a transmissão de conhecimento, mas também a possibilidade de ampliação de relacionamentos interpessoais, que são fundamentais ao ser humano, independentemente da cultura de origem.

A entrega dos primeiros certificados aconteceu em agosto de 2019. Confira na reportagem os detalhes da cerimônia.

Mas a oportunidade da troca entre as diferentes culturas não acontece apenas com o apoio pedagógico e o auxílio técnico.

Acolhida, doação e solidariedade

Em parceria com a Cáritas do Brasil e da Suíça, o Grupo UBEC e suas unidades de missão realizaram em 2019, a Campanha em Solidariedade aos Migrantes e Refugiados, uma ação que integrou o Programa Pana e teve início na semana do Dia Mundial do Refugiado (20 de junho).

Desta forma, as instituições da UBEC em Brasília, Pernambuco, Minas Gerais e no Tocantins, convocaram a comunidade para doação de alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e utensílios domésticos. 

Doações

“A campanha é muito positiva, pois vivemos hoje com tantas situações de conflitos, onde cada um pensa mais em si do que no próximo. É louvável que uma instituição de ensino superior possa de fato construir esse gesto de cidadania. Essa é a verdadeira transformação social que a igreja prega, que Jesus Cristo ensina e que a Cáritas atua. Com essas parcerias a gente consegue atingir o nosso objetivo, que é exatamente favorecer com benefícios aqueles que mais necessitam de nossa ação”, destaca o representante da Cáritas, diácono Amilsom Rodrigues, que recebeu as arrecadações do Centro Universitário UniCatólica.

Reproduzir vídeo

A venezuelana Veronica Castañeda, refugiada no Brasil com apoio da Cáritas, conta que estava grávida quando ela e o marido deixaram para trás seu país de origem, familiares e amigos, e decidiram buscar aqui, uma vida melhor.

Até aquele momento, Brasília havia acolhido, em onze casas de passagem, 106 adultos e 45 crianças. Todos migrantes venezuelanos que estavam em situação de extrema vulnerabilidade em Boa Vista (RR), vivendo em abrigos ou até mesmo em situação de rua.

Migrações Contemporâneas e Refúgio

Para contextualizar o tema das migrações na atualidade, o projeto Esperançar, da Católica EAD, oferta um curso livre e gratuito, com duração de 40h. 

De forma didática, o curso “Migrações Contemporâneas e Refúgio” mostra que a migração faz parte de um processo amplo, que envolve vários países e seus níveis de desenvolvimento (econômico, social, cultural, ambiental), e busca desmistificar a ideia de que imigrantes e/ou refugiados tendem a ser sempre vinculados à extrema pobreza,  guerras civis, fome ou ao desespero humano. Para inscrever-se, basta clicar aqui.

exposição
Exposicao refugiados Unileste

Foi também em 2019, que estudantes de Psicologia do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais – Unileste, promoveram a exposição “Somos todos refugiados em algum lugar”, abordando a questão da violência contra imigrantes e refugiados.

As estudantes Bárbara Luiza, Fernanda Santos, Jéssica Barbosa, Stéfane Silva, Vitória Nunes e Carolina Camargo foram as responsáveis pela ação, que utilizou diferentes imagens para conectar a situação dos refugiados, manifestações contrárias e xenofóbicas e citações de alguns pensadores da psicologia que explicam e caracterizam a violência.

Sobre a experiência de construir a exposição, as estudantes destacaram a dificuldade de encontrar relatos de xenofobia, discriminação ou violência. “O objetivo é fazer refletir sobre o tema e sensibilizar as pessoas já que as imagens são muito impactantes”, comenta Carolina.